Semana de Moda

Ir a uma semana de moda é como ver a cidade inteira se transformar em uma passarela ao ar livre. As ruas ganham vida com fashionistas ansiosos para descobrir o que vai dominar os guarda-roupas nas próximas estações. Com o fim das semanas de moda de Primavera/Verão 2025 em Nova York, Londres, Milão e Paris, ficou claro que algumas tendências estão de volta, mas com novas leituras.

O xadrez e as referências boho como franjas e sobreposições retornam, mas a verdadeira protagonista das passarelas é a sensualidade ousada e a opulência extravagante.

A transparência reinou absoluta, com muita pele à mostra. Os looks destacaram tecidos translúcidos, decotes profundos, recortes estratégicos e comprimentos mini. Muitos estilistas buscaram inspiração na lingerie, sugerindo até que a moda íntima seja levada para as ruas. Ao lado da silhueta volumosa, brilhos luxuosos como pedras bordadas, plumas, pérolas e paetês adicionaram uma dose extra de glamour.

O Power Dressing dos anos 80 também marcou presença, refletindo a evolução do “Corporate Core” que dominou no início do ano. Agora, peças de alfaiataria clássica ganham silhuetas mais masculinas, com ombros largos e calças relaxadas.

Praticidade com elegância 

Começando a temporada de desfiles, Nova York trouxe à tona o patriotismo norte-americano, especialmente por ser um ano de eleições. O estilo preppy da High Society nova-iorquina e as referências esportivas marcaram desde o streetstyle até o look corporativo.

A mulher de Nova York, prática e sempre elegante, sabe como ninguém equilibrar conforto com sofisticação. O clima instável da cidade faz da sobreposição um truque de estilo indispensável, e a mistura de referências – do boho com franjas a peças sensuais de lingerie – faz parte da essência nova-iorquina.

Enquanto brilhos, bordados e plumas podem aparecer nos looks, a mulher de Nova York prefere usá-los nos detalhes, sempre buscando uma sofisticação minimalista.

Efervescência cultural

Logo em seguida, Londres reafirmou que o trench coat é um verdadeiro tesouro nacional. Ele apareceu repaginado, com tecidos translúcidos e até plumas nos ombros.

A alfaiataria tradicional britânica também deu o ar da graça, mas desta vez com um toque ousado: blazers longos usados sem nada por baixo e com detalhes luxuosos como pedras bordadas.

As londrinas, conhecidas por seu estilo eclético, são mestras em misturar referências clássicas com subculturas como punk e grunge. Para elas, o equilíbrio entre o clássico e o contemporâneo é o segredo.

O xadrez, sempre presente, ganhou nova vida em composições cheias de ousadia, com transparências e lingeries aparentes, trazendo um toque rebelde e irreverente.

Maximalismo em foco

Em Milão, a sensualidade e o glamour são parte do DNA local. A estética "Mob Wife", popularizada no TikTok, dominou tanto nas ruas quanto nas passarelas. A mulher milanesa é pura sofisticação: ela aposta em peças atemporais e elegantes, como vestidos bem cortados, blazers estruturados e saias lápis.

Nas passarelas, a lingerie teve grande destaque, aparecendo em sobreposições delicadas com alfaiataria ou visível sob tecidos transparentes, com bordas de renda e acabamentos impecáveis. A milanesa adora brincar com texturas e acessórios luxuosos, misturando peças estruturadas com detalhes exuberantes, como franjas, peles e bordados brilhantes.

O resultado é sempre uma combinação perfeita entre a elegância discreta e o glamour exagerado que as italianas sabem fazer como ninguém.

Romantismo ressignificado

Em Paris, a sensualidade sempre esteve profundamente entrelaçada com a moda, e os espartilhos, introduzidos por Catarina de Médicis no século XVI, se tornaram ícones da silhueta feminina. Nas passarelas da temporada, essa tradição ressurgiu com força, trazendo cinturas marcadas e volumes acentuados nos quadris.

A pele à mostra dominou as coleções, com comprimentos mini e recortes ousados. Inspirados pelo mundo dos esportes olímpicos, alguns designers apostaram em silhuetas justas e tecidos perfurados, reforçando a ideia de sensualidade atlética.

As parisienses, por sua vez, têm aquele je ne sais quoi que as faz parecer sempre impecáveis, sem esforço. Elas sabem equilibrar simplicidade e refinamento, e para elas, o sensual pode ser sutil ou explicitamente poderoso. Muitas vezes, esse sex appeal flerta com o androginismo, em produções que mesclam o feminino e o masculino.

O Power Dressing dos anos 80 também deu as caras em Paris, com alfaiataria relaxada e composições que misturavam peças estruturadas com toques femininos. E, claro, em uma cidade conhecida como "cidade do amor", o romantismo não poderia faltar. Nas próximas estações, veremos babados, shapes orgânicos, tons pastel e detalhes de lingerie como rendas e cetins.

Como um todo, os desfiles desta temporada nos convidam a desafiar convenções. É o momento de repensar o que consideramos "peças íntimas" e abraçar transparências e pele à mostra, trazendo frescor para os meses mais quentes.

Seja se inspirando diretamente das passarelas ou dos estilos únicos de Nova York, Londres, Milão e Paris, ideias não faltam para renovar o seu guarda-roupa com ousadia e sofisticação.